Avançado regressa ao clube para jogar no Distrital 25 anos depois! Depois da Champions e seis operações ao joelho ei-lo amador aos 33 anos. Verdadeira história de amor à camisola
Podem chamar-lhe paixão ou de verdadeira história de amor à camisola. Certo é que Ricardo Silva tinha um sonho que conseguiu cumprir esta época: regressar ao clube onde começou o seu percurso como futebolista... 25 anos depois.
Tinha apenas oito anos quando bem cedo ganhou o rótulo de esperança do Atlético do Cacém. Os golos, as fintas, as boas exibições despertaram o interesse do Benfica que depressa o contratou. Cumpriu a formação nos encarnados e as camisolas foram mudando de época para época. Passou por Agualva, Estoril, Real, V. Setúbal, Olhanense, Gil Vicente, Boavista, Santa Clara e Olivais e Moscavide.
Foram passagens que guarda com carinho, mas nunca deixou de acompanhar o seu Atlético. Essa a principal razão por ter aceite o convite para regressar agora ao Cacém, aos 33 anos.
«É uma ligação diferente de todas as outras. Foi aqui fiz os primeiros jogos, que marquei os primeiros golos. Pensei que seria bonito terminar aqui o meu percurso. Cheguei até a recusar alguns convites para fora do País», conta o avançado, que, em quatro jogos pelo novo clube, já contabiliza um golo. O primeiro de muitos, diz:
«Espero que sim. Trata-se de uma equipa renovada que trocou recentemente de treinador. Acredito que podemos fazer um bom trabalho e andar pelos primeiros lugares. O objectivo passa por subirmos novamente à III Divisão.»
Malditas lesões...
Ricardo Silva foi um dos jogadores que ajudou o Olhanense na subida à Liga. Chegou a ser peça importante na equipa algarvia, mas as lesões hipotecaram a continuidade.
«Já fui operado seis vezes ao joelho esquerdo. Penso que esses problemas afectaram muito a minha evolução. Apesar de me sentir bem, em condições de jogar, os treinadores sentiam sempre receio em me colocar a jogar», afirma o reforço do Atlético do Cacém, recordando as más experiências seguintes:
«No Olivais e Moscavide também não correu bem e ainda me estão a dever dinheiro. Não foram correctos. Optei por sair e no início desta época assinei pelo Igreja Nova. Não comecei mal, mas voltei a sentir algumas dores no joelho pelo facto de jogarem em sintético. Pedi para manter a forma no Atlético do Cacém e fizeram-me o convite para ser inscrito. Não hesitei e assinei logo.»
Do armazém para o campo
A vida de Ricardo Silva é dividida agora no armazém onde trabalha e no campo do Cacém. O ritual diário não muda. Trabalha durante o dia e tem o prazer de jogar futebol ao cair da noite. Uma situação à qual, sublinha, já não está habituado.
«Sinto-me bem e o mais importante é que continuo a jogar num clube que me diz muito. Quero continuar a jogar durante mais anos. Felizmente estou a sentir-me bem a todos os níveis, porque sinto que estou a ajudar a equipa. Até quando? Até as pernas aguentarem...»
Campeão das... subidas
Se o Atlético do Cacém contratou Ricardo Silva para subir à III Divisão... recrutou o homem certo. O avançado, no seu currículo, contabiliza três subidas: primeiro no Gil Vicente ao primeiro escalão, depois no Santa Clara onde se sagrou campeão da II Liga e, por fim, esteve no regresso do Olhanense à Liga principal. Momentos de festa aos quais acrescenta outro muito especial vivido no Estádio do Bessa.
«Estive presente na primeira vitória do Boavista na Champions, num jogo em que vencemos o Borússia de Dortmund, por 1-0. Foi de facto um jogo que me marcou pela sua importância e porque joguei de início. Vou recordar sempre esses 90 minutos», finaliza o avançado, que agora está apenas concentrado no jogo de amanhã com o... Encarnacense.
BI
Ricardo Jorge Fernandes Palma da Silva
Nome profissional — Ricardo Silva
Data de nascimento — 29 de Março de 1977 (33 anos)
Naturalidade — Cacém
Peso — 75 quilos Altura — 1, 73 metros
Percurso — At. Cacém, Benfica, Agualva, Estoril, Real, V. Setúbal, Olhanense, Gil Vicente, Boavista, Santa Clara, Olhanense e Olivais e Moscavide
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